sexta-feira, 13 de abril de 2012

CORPORAÇÃO DE OFÍCIO

Na aula de História Medieval, no Curso de Licenciatura em História, pela Universidade Metropolitana de Santos, o escriba Valdemir Mota de Menezes estudou este texto Pirenne








Corporações de ofício

Na aula de hoje você vai conhecer as organizações de artesãos

e mercadores, as chamadas corporações de ofício ou

guildas. Essas corporações estiveram na origem, por exemplo,

da maçonaria.. Durante renascimento comercial essas organizações

tiveram importância fundamental e você aprenderá suas origens e funcionamento.

Como você vem aprendendo, a economia da Idade Média

era, fundamentalmente, agrária, mas passou a sofrer transformações

com as Cruzadas, com o desenvolvimento comercial

e o crescimento das cidades. Uma das organizações surgidas no

século XI, na regiãp de Flandres, foram as chamadas corporações de ofício

que, resumidamente, eram associações de artesãos, sapateiros, chapeleiros,

pedreiros etc, profissões que cresceram nesse novo contexto e que

eram, “estranhas” ao contexto econômico anterior.

Originalmente, eram organizações de proteção e assistência. Um determinado

santo era escolhido como patrono de acordo com cada profissão..

Daí pode-se concluir que na verdade as primeiras organizações eram formadas

por profissões com alta possibilidade de miserabilidade, pois, sob

o manto religioso, os associados auxiliavam aqueles em maiores dificuldades

quando de uma fatalidade como doença ou falecimento.

As corporações de artesão funcionavam como escolas. O processo de

trabalho nas corporações era comandado por um mestre que entrava com

a matéria prima, com as ferramentas e utensílios necessários e ficava

com o lucro advindo da venda dos produtos. O mestre poderia utilizar um

jornaleiro, isto é mão de obra assalariada, para ajudá-lo na confecção dos

produtos, mas em atividades com menor qualificação. Mas grande parte

do trabalho era executado por um aprendiz que pagava ao mestre para

obter qualificação no ofício. Portanto o acesso à qualificação da mão de

obra garantia um controle da profissão.

Com o tempo as corporações de artesão formaram um verdadeiro monopólio

econômico garantindo compra privilegiada de matéria prima, padronizando

os produtos e controlando eficazmente o acesso à profissão. As

guildas formaram verdadeiros cartéis em que buscavam garantir a igualdade

entre os membros da corporação no que se refere à aquisição de

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matérias primas, aos preços e ao padrão final do produto. Ficava eliminada

a concorrência e o comprador ganhava a garantia de que a mercadoria não

havia sido fraudada.

As regulamentações criadas pelos artesãos foram paulatinamente absorvidas

por algumas cidades, que também garantiam o monopólio da profissão

aos membros da corporação, numa atitude protecionista e claramente

contra a liberdade industrial. Isso representava não só a força que paulatinamente iam adquirindo essas organizações como também o interesse do poder público em controlar e taxar as corporações.

Segundo Henri Pirrene

“os regulamentos impõem-se com uma minuciosidade

cada vez maior; os processos, de técnica rigorosamente

idêntica para todos, fixam as horas de trabalho,

impõem os preços e o montante de salários, proíbem

toda a espécie de anúncio, determinam o número dos

utensílios e o dos trabalhadores nas oficinas, instituem

vigilantes encarregados de exercer a inspeção

mais minuciosa e inquisitorial” .

Com o tempo e esse processo de funcionamento as corporações foram ganhando importância e se tornaram poderosas dentro de algumas cidades.



PIRENNE, H. História econômica e social da idade média. São Paulo: Editora Mestre

Jou, 1968, 6ªed, pp.191 - 192