Na aula de História Medieval, no Curso de Licenciatura em História, pela Universidade Metropolitana de Santos, o escriba Valdemir Mota de Menezes estudou este texto Pirenne
Corporações de ofício
Na aula de hoje você vai conhecer as organizações de artesãos
e mercadores, as chamadas corporações de ofício ou
guildas. Essas corporações estiveram na origem, por exemplo,
da maçonaria.. Durante renascimento comercial essas organizações
tiveram importância fundamental e você aprenderá suas origens e funcionamento.
Como você vem aprendendo, a economia da Idade Média
era, fundamentalmente, agrária, mas passou a sofrer transformações
com as Cruzadas, com o desenvolvimento comercial
e o crescimento das cidades. Uma das organizações surgidas no
século XI, na regiãp de Flandres, foram as chamadas corporações de ofício
que, resumidamente, eram associações de artesãos, sapateiros, chapeleiros,
pedreiros etc, profissões que cresceram nesse novo contexto e que
eram, “estranhas” ao contexto econômico anterior.
Originalmente, eram organizações de proteção e assistência. Um determinado
santo era escolhido como patrono de acordo com cada profissão..
Daí pode-se concluir que na verdade as primeiras organizações eram formadas
por profissões com alta possibilidade de miserabilidade, pois, sob
o manto religioso, os associados auxiliavam aqueles em maiores dificuldades
quando de uma fatalidade como doença ou falecimento.
As corporações de artesão funcionavam como escolas. O processo de
trabalho nas corporações era comandado por um mestre que entrava com
a matéria prima, com as ferramentas e utensílios necessários e ficava
com o lucro advindo da venda dos produtos. O mestre poderia utilizar um
jornaleiro, isto é mão de obra assalariada, para ajudá-lo na confecção dos
produtos, mas em atividades com menor qualificação. Mas grande parte
do trabalho era executado por um aprendiz que pagava ao mestre para
obter qualificação no ofício. Portanto o acesso à qualificação da mão de
obra garantia um controle da profissão.
Com o tempo as corporações de artesão formaram um verdadeiro monopólio
econômico garantindo compra privilegiada de matéria prima, padronizando
os produtos e controlando eficazmente o acesso à profissão. As
guildas formaram verdadeiros cartéis em que buscavam garantir a igualdade
entre os membros da corporação no que se refere à aquisição de
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matérias primas, aos preços e ao padrão final do produto. Ficava eliminada
a concorrência e o comprador ganhava a garantia de que a mercadoria não
havia sido fraudada.
As regulamentações criadas pelos artesãos foram paulatinamente absorvidas
por algumas cidades, que também garantiam o monopólio da profissão
aos membros da corporação, numa atitude protecionista e claramente
contra a liberdade industrial. Isso representava não só a força que paulatinamente iam adquirindo essas organizações como também o interesse do poder público em controlar e taxar as corporações.
Segundo Henri Pirrene
“os regulamentos impõem-se com uma minuciosidade
cada vez maior; os processos, de técnica rigorosamente
idêntica para todos, fixam as horas de trabalho,
impõem os preços e o montante de salários, proíbem
toda a espécie de anúncio, determinam o número dos
utensílios e o dos trabalhadores nas oficinas, instituem
vigilantes encarregados de exercer a inspeção
mais minuciosa e inquisitorial” .
Com o tempo e esse processo de funcionamento as corporações foram ganhando importância e se tornaram poderosas dentro de algumas cidades.
PIRENNE, H. História econômica e social da idade média. São Paulo: Editora Mestre
Jou, 1968, 6ªed, pp.191 - 192